Por que nós ainda vemos apenas a ponta do iceberg

sábado, 24 de novembro de 2007

A consciência é absurda

A consciência é absurda. É algo absurdo; como pode um conjunto de moléculas, agregadas como num jogo Lego, um conjunto de células trocando sinais químicos e elétricos, células essas que renovam a sua propria matéria ao longo dos anos (nossos neurônios não são formados pelas mesmas moléculas de quando tinhamos 8 anos de idade), ser consciente e sofrer sensações?
A consciência não é algo inerente a uma matéria específica. Ela é inerente à estrutura cerebral, à troca de informações entre os neurônios. Como é que uma simples troca de informações, ou um efeito dessa troca, como sugerem algumas teorias, pode fazer surgir um ser consciente?
Se ela é o resultado da troca de informações, então ela tem de estar contida em um meio. Tem de haver uma espécie de "hardware" que suporte esse "software" que é a consciência.
Quando falo de consciência, estou falando dessa propriedade "fantasmagórica" da matéria de "sofrer" sensações. Está aí: é você! Não importa se ela é o resultado de processamentos cerebrais, ela existe! E não pode ser explicada simplesmente com os nossos bizarros modelos da matéria. Como é que a matéria desperta para o mundo? Nem a tão esperada teoria final da física, que explicaria todas as forças da natureza, sequer sonha em explicar porque a consciência surge em aglomerados orgânicos baseados em carbono como os nossos.
Muitos materialistas não gostam das palavras fantasma, alma e espírito. Mas o fato é que existe algo de fantasmagórico no cérebro, algo que sofre e sente prazer, e essas palavras ao menos identificam esse elemento misterioso que está presente nele. Ainda que seja uma propriedade deconhecida da materia, ainda que seja um efeito desconhecido dela, ainda assim é algo incrível, espetacular, absurdo. Não gostou da palavra? A-b-s-u-r-d-o. Pela caridade, está na sua cara. Você está consciente, não está? Dizer que a consciência não é um mistério é uma falta de profundidade. E a ciência ainda não faz a menor idéia de como ela surge; o que existem ainda são teorias especulativas atiradas a esmo, ou conhecimentos sobre os processamentos cerebrais que levam à consciência.

2 comentários:

Rô Rezende disse...

Post simplesmente perfeito! Bem escrito, bem argumentado e bem colocado! Parabéns! Cadê o resto?!

Cognitivo disse...

Olá, Rô, e obrigado pelas palavras

Já, já deverei postar mais