Por que nós ainda vemos apenas a ponta do iceberg

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A Neurociência ainda vislumbra

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/como_a_consciencia_se_manifesta_.html
Este artigo publicado na Scientific American Brasil de Novembro de 2007, escrito por dois neurocientistas de calibre no campo de estudos da consciência, dá um exemplo de como se encontram as posições científicas com relação ao problema mais forte da consciência: o da experiência subjetiva. Susan Greenfield é diretora da Royal Institution of Great Britain, membro do British Parliament’s House of Lords, e professora da Universidade de Oxford. Christof Koch é um neurocientista com PhD em processamento de informação não-linear pelo Max Planck Institute, e professor do California Institute of Technology. Os dois são verdadeiras autoridades nesse campo de pesquisa.
O artigo já começa com as duas seguintes afirmações:

"A maneira como processos cerebrais se traduzem em consciência é um dos maiores desafios a ser resolvido pela ciência. Embora o método científico tenha conseguido delinear eventos que ocorreram imediatamente após o Big Bang e descobrir o maquinário bioquímico do cérebro, falha em explicar como a experiência subjetiva é criada."

"Então, por onde começa a solução? Os neurocientistas ainda não compreendem o suficiente sobre o funcionamento interno do cérebro para dizer exatamente como a consciência emerge da atividade química e elétrica dos neurônios. Assim, o primeiro passo é determinar os melhores correlatos neuronais da consciência (CNC) – a atividade cerebral que corresponde a experiências conscientes específicas."


Ou seja, o método científico ainda não vê uma luz para o grande problema de tecidos orgânicos ficarem conscientes. Tudo que se pode fazer é tentar encontrar os correlatos, ou os fenômenos cerebrais que estão relacionados ao surgimento da consciência. Uma simples busca de causa e efeito. Quanto ao que realmente significa a consciência, só esperanças.
Mais adiante, Greenfield assinala:

"Lembre-se de que nem Christof nem eu estamos tentando explicar como a consciência emerge. Não estamos tentando determinar como eventos fisiológicos no cérebro se traduzem no que você experimenta como consciência. Buscamos uma correlação – um meio de mostrar como fenômenos cerebrais e experiências subjetivas se encaixam – sem identificar o importante passo intermediário de como um fenômeno causa uma experiência."

Perceba a força dessa afirmação. Os dois cientistas defendem teorias sobre correlatos do surgimento da consciência, que são o que há de mais íntimo à idéia de experiência subjetiva que se pode identificar no atual estágio da neurociência. No entanto, eles admitem que não tentam explicar COMO a consciência surge..
O artigo então segue expondo as teorias dos dois cientistas, que divergem sobre onde os correlatos são realizados: se em um grupo único ou em vários grupos de neurônios. Para mim, a resposta verdadeira não influenciará muito a gravidade do problema maior de explicar a consciência; apenas dará uma seta para o próximo caminho, se ele existir.
É claro que isso representa a opinião de apenas dois cientistas. Mas você há de concordar, ao menos, que existem pelo menos duas pessoas de nome na área de neurociências com idéias semelhantes à minha, no que tange à situação da ciência com relação ao problema da consciência. A Scientific American costuma ser uma síntese dos diferentes paradigmas que existem em determinado campo; este foi um dos paradigmas.

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